VERTIGEM
VERTIGEM
Somos
tão frágeis e volúveis e nossa carne, vil e corrupta. Queremos alçar voo mais
alto do que permitem nossas asas e sofremos queda tão abrupta. Certas coisas
ditas ao vento podem ser venenosas e nossas atitudes são tão inconsequentes.
Pulamos do trampolim e mergulhamos, caindo de alturas vertiginosas, riscando o
céu como estrelas cadentes e atingindo o solo como um raio incandescente. Somos
aquilo de que fomos feitos um dia: nossos sonhos, a loucura e a dor. Só que
isto aqui não é uma aula de biologia, não, e nem um filme de terror. Você tanto
teme aquela mulher que não enxerga só que ela não pode te ferir porque é toda
feita de pedra e assim você logo pensa em as regras poder infringir. Você quer
ir ao banheiro lavar essa sua cara suja e quer se barbear, mas não encontra o
aparelho então vomita na privada frases infames e não tem coragem de se olhar
no espelho. Você não passa dum pobre-diabo. Quer limpar o sangue que escorre
pelos cantos da boca, mas os punhos estão ainda mais ensanguentados. Você é
mesmo digno de pena: tira notas tortas de seu violino porque não consegue
compor melodia mais amena, tortuoso caminho de um assassino.
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